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VONTADES

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Numa noite com o céu forrado por véus de poucas nuvens e se atrevendo exibir-se estrelado , aquecíamos por meio de um fogo tímido da pequena fogueira. Conversávamos assuntos diversos, nada cadenciados. Na ocasião era eu, a vida e a companhia. E quando tudo indicava não haver prosa outra em novidade, a vida fez-me lembrar dum acontecimento no qual eu me projetei. Antes que eu decorra ao relato, é necessário abrir parênteses e nele, destacar que fomos laureados pelas circunstâncias naturais da noite descrita acima. Á ela- bela noite- fizemos sarau. Enfim, fechado parênteses, quanto ao acontecido, nos instantes que eu o recordava, pareceu-me possível poder tocá-lo. Tamanha havia sido a dopamina liberada, percorrendo milímetros no meu robusto e velho corpo, que me ocasionou extraordinárias sensações. Sem desejar um grama de modéstia, confirmo as minhas sensações, até mesmo, superiores as de alguma pessoa que sobrepuja as condições adversas e extremas, á alcançar o ci

Meu Nunca Amigo

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Você não é mais o que me foi por amigo. E nem eu lhe fui mais de alguma amizade. Tornamo-nos, demasiados, uns estranhos... (...) De riso frio, alma severa, passo calculista. E escorre o sangue não virginal de o nosso mal. As minhas falas de permutas não te servem mais. E nunca me foram justas aquelas dicas-carapuças. A tua presença tornou-se uma companhia carcome. A ascensão sem garantia à nossa manutenção segura. Uma infantaria de descaso e levianas reciprocidades. De nos dizer um adeus é a pura prevenção. Pretensão vital de não nos encontrarmos. Mesmo o talvez, suscita pavor e a ameaça. Certeza neste fim é o que temos de melhor. Nisso, não procuramos qualquer novidade. Ao nosso desencontro, vamos nós, fausto amigo. Á qualquer lugar que nos desloca mais distantes. Deste modo, trilhamos sobre as vias. o equilíbrio. Você, não se valendo como um fastio inimigo. Eu, nunca acreditando na tua prosa de amigo. Ofertamo-nos de um bem com

Lobo e Cordeiro

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Diga-me, nobre e tão valente irmão, O que lhe detém sequestrado na baia desta cólera? Tens o nome ou a idade desta força se mostrando? Deste algo que lhe imputa os severos desapreços? Trarás domínios sobre o que deteriora a tua paz? Grosso modo perscrutando, porventura é você: O novo inquilino no universo das gentes incomunicáveis? Dos que me tardam o tempo com o silêncio que perturba? Refém de alguma agrura de humanos rotos e ininteligíveis? Feito o tolo que se lança em dúvidas ao vento setentrional? Que resposta há em ti e faz sanar estas minhas lucubrações? É incógnita que fomenta toda essa tua intensa destemperança? É de uma razão outra para bem maior ainda não equacionado? Amor platônico que aflora e fere os sentimentos que lhe restou? Que é este turbilhão que talha a rocha deste teu indócil coração? Faça-me saber as rotas destas tuas desventuras! Do por que destas tuas birras? Este modo choro descomunal? Do volver-se nes

Coragem

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Pela viração do dia, caminhei por um belo jardim. Nele, ecoei a voz da minha vontade, indagando: - Onde está, força minha? Por onde se exibe em vigor? Com a fala trêmula, ela me respondeu:   - Ouvi os teus passos no jardim e escondi-me, pois, me vi murcha e temi. Perguntou a minha vontade: - Quem lhe fez ver-se murcha e a temer? Ao que me respondeu a minha força: A covardia! Foi ela ao cantar impossibilidades, que me fez fugir de ti. E outra vez, a minha vontade a interrogou: - Comeste a semente covarde, qual a precaução, disse-te para dela não comer? Sim! – Exclamou a minha força. Houve instantes de silêncio, interrompido pela justificativa da minha força. Disse-me ela: - Foi a fútil vaidade quem me deu a semente covarde para comer. Ouvindo eu isto, a minha vontade inquiriu a fútil vaidade: - Que foi que tu fizeste? Ao que ela me respondeu: - Fiz que a tua força acreditasse no que ela pensou ser, ou seja, q

Imaginações

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Imaginações Seja bem vinda! Peço para numa próxima vez, nem bater na porta. Sem qualquer outra permissão, tuas palavras me dilaceram. Assenta-te! Estejam os teus pés descansados... Estes meus e calcanhares, Cansam, doem e lateja no caminho pelas ruas, por tua procura. Esteja bem! Ainda que me recomponha deste faltar de fôlego. É que enfadei o meu corpo, por correr deste breve desencontro. Reconsidere! Nesta sala, outras vezes estivemos, sem saber ao certo o que dizer. Em todas as ocasiões, nada restou de certeza para esse reencontro. Considere! Como terão sido os nossos dias... Noites como prato de lembranças. Isso é o que nos fere? E lubrifica-nos nas vontades de mil vinganças! Veja! Temos algo para dizer... O muito sobre nós, na negligência de ouvir. Desatenções instaladas como visitas, na rotina dos nossos não afetos. Escute! Nem sei se eu peço o pão da sua ida ou se bebo vinho em despedida? Já não distinguimos dia